Estatística
Rio Grande tem redução de 56% nos homicídios até agosto
Pelotas registrou 30,76% de aumento, com quatro casos a mais que em 2022
Foto: Divulgação - Com a chegada da DHPP/RG, foram cinco grandes operações
As duas principais cidades da Zona Sul do Estado fecham os primeiros oito meses do ano com indicadores relevantes para as estatísticas da criminalidade. Rio Grande teve uma queda de 56% no número de homicídios, embora o total de 30 casos ainda seja considerado um desafio para as autoridades. Já Pelotas foi na direção contrária e contabilizou quatro crimes contra a vida a mais que o mesmo período de 2022, chegando a 17 até o fechamento desta edição, o que corresponde a 30,76% de aumento. O total de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) são 21, o que inclui ainda três feminicídios e um latrocínio. Rio Grande, embora em ritmo de queda, tem registrados 36 CVLIs, com 30 homicídios e seis mortes em confrontos com a Brigada Militar.
Em Rio Grande, a principal atribuição para a redução de mais da metade dos crimes contra a vida está no trabalho da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em funcionamento desde janeiro. Conforme a titular da 7ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Lígia Furlanetto, a Especializada foi criada tendo à frente o delegado Alexandre Mesquita, um dos coordenadores da força-tarefa de combate aos crimes contra a vida no ano passado, que quase chegaram a cem mortes. “Desde a criação da Delegacia de Homicídios, foram cinco grandes operações policiais, 29 presos e sete adolescentes infratores internados, vinculados aos crimes de homicídios, 42 mandados de busca e apreensão cumpridos e 12 armas de fogo apreendidas decorrentes das investigações.”
O delegado Mesquita considera o trabalho como fruto do que se iniciou em 2022. “Sempre defendemos que todas as medidas tomadas ao longo do ano passado refletiriam no resultado a médio e longo prazo, como temos visto nos últimos meses, com expressiva redução de crimes violentos. Objetivamos reduzir ainda mais, com investigação forte e qualificada, com responsabilização de executores e mandantes, bem como acompanhamento da situação carcerária via setor de inteligência”, considera. A delegada Lígia explica que a elucidação dos crimes de homicídios é considerada no momento em que o inquérito é remetido ao Poder Judiciário. “Para isso é apontada a autoria, ou seja, após toda a investigação são coletados elementos de prova que revelam indícios de autoria e materialidade do crime.”
A titular conta ainda que o crime é considerado elucidado quando a autoria é desvendada. Em muitos desses casos, além da autoria imediata (os executores) há ainda a identificação dos mandantes (autoria mediata), identificados como os líderes das facções, com poder de comando e responsáveis pelas ordens dos homicídios e autorização para a execução. “Esse alto índice de elucidação, somado à responsabilização dos mandantes, com decretação de prisões preventivas e investigações de desarticulação de Organizações Criminosas e descapitalização das facções, somados ao trabalho das demais forças de segurança está diretamente relacionado à queda dos números.”
Lígia e Mesquita consideram ainda que o trabalho elucidativo gera uma sensação de responsabilização para além do crime de homicídio em si. “Toda a cadeia de participação está sendo identificada, apontada e encaminhada ao sistema prisional”, garante a delegada, ao lembrar que as investigações de lavagem de dinheiro tem descapitalizado as organizações criminosas, atacando o patrimônio.
Pelotas
Há pouco mais de 11 anos, a criminalidade em Pelotas tomou proporções que mobilizaram órgãos de segurança para a centralização da investigação dos homicídios dolosos consumados e tentados. Isso aconteceu em 1º de junho de 2012 com a instalação da Força-Tarefa de Homicídios instalada na Defrec (hoje Draco), permanecendo até meados de novembro do mesmo ano, quando foi inaugurada a DHPP. “A relevância da Homicídios Pelotas se mostrou nos períodos em que ocorreram conflitos e disputas envolvendo organizações criminosas na cidade, principalmente nos anos de 2015 a 2018, que resultaram em diversas operações policiais, sendo a principal a ‘Ceifadores’”, lembra o titular da DHPP, delegado Félix Rafanhim.
O titular da 18ª Delegacia Regional em Pelotas, delegado Márcio Steffens, considera que quando se especializa na repressão de algum crime, como no caso dos homicídios, os resultados são melhores, mais rápidos e mais objetivos. “E com índices de resolução bem maiores”, afirma. Este ano, por exemplo, 75% dos crimes em Pelotas foram esclarecidos. Em Rio Grande, segundo o delegado Mesquita, esse percentual chega a 94%, que se refere à elucidação dos procedimentos investigativos que foram remetidos ao Poder Judiciário neste ano, ou seja, investigações finalizadas. Um exemplo citado por Steffens para apontar resultados positivos está na qualificação dos inquéritos. “Eles são feitos com muita técnica, o que vem garantindo condenações na maioria dos casos julgados pelo Tribunal do Júri.”
Rafanhim lembra que o auxílio da comunidade sempre teve um papel relevante para a atuação da DHPP. “Disponibilizamos o WhatsApp (53) 98448-0886 para recebimento de informações, sendo preservado o sigilo da fonte.” Em Rio Grande, o delegado Mesquita ressalta que as informações podem ser enviadas pelo WhatsApp (53) 98427-6953.
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